Nunca devemos renunciar os nossos sonhos, pois
quando renunciamos aos nossos sonhos e encontramos a paz, depois de um tempo,
temos um pequeno período de tranquilidade. Mas os sonhos mortos começam a
apodrecer dentro de nós, e infestar todo o ambiente em que vivemos. Começamos a
nos tornar cruéis com aqueles que nos cercam, e finalmente passamos a dirigir
esta crueldade contra nós mesmos. Surgem as doenças e psicoses. O que queríamos
evitar no combate - a decepção e a derrota - passa a ser o único legado de
nossa covardia. E, um belo dia, os sonhos mortos e apodrecidos tornam o ar
difícil de respirar e passamos a desejar a morte, a morte que nos livrasse de
nossas certezas, de nossas ocupações, e daquela terrível paz das tardes de
domingo.
(em O diário de um Mago)
Paulo Coelho
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